Audi A3 Sportback X BMW 118I Urban Line
Enviado: 02 Nov 2012, 20:12
O tempo costuma ser implacável com as celebridades. As estrelas podem perder o brilho com velocidade meteórica. Entre as marcas de carro de primeira grandeza, a mesma "astro lógica" costuma vigorar. Quando um modelo bem-nascido é apresentado ao público, com tudo o que há de disponível em tecnologia, há a sensação de que ele veio para ficar. Isso até que seja posto em xeque pelo próximo desafiante, o que não costuma demorar para acontecer.
A segunda (e atual) geração do Audi A3 causou furor quando chegou, em 2004. Além do design moderno, o conjunto mecânico - motor turbo com injeção direta e câmbio robotizado com dupla embreagem - deixou muita gente admirada. Mas agora o A3 será comparado ao rival, o BMW Série 1, que acabou de chegar com diferentes soluções técnicas e conceitos inovadores de design e desempenho. Quer saber o que aconteceu neste confronto?
O Audi A3 é oferecido em duas versões: Sport, de três portas, e Sportback, de cinco portas, ambas com motor 2.0 TSFI e preço básico de 110 000 e 121 000 reais, respectivamente. O BMW 118i tem carroceria de cinco portas, motor 1.6 e três versões de acabamento: 118i, que custa 113370 reais; 118i Urban Line, vendida por 119 220 reais, e 118i Sport Line, a 122900 reais. Neste comparativo, consideramos as opções que mais se aproximam nos preços: A3 Sportback e 118i Urban Line (embora a Sportback mostrada aqui esteja equipada com o pacote Ambition, que adiciona bancos de couro, teto solar e bancos elétricos e eleve o preço para 131 000 reais).
O A3 é um velho conhecido nosso. Vê-lo na garagem não nos causa surpresa. Mas dirigi-lo é sempre um prazer. E o que mais agrada é seu bom comportamento dinâmico, garantido pela rigidez da carroceria, pela eficiência da suspensão e pelas respostas de motor. O 2.0 TSFi é generoso. Ele produz 200 cv de potência a 5100 rpm e entrega o torque máximo, de 28,6 mkgf, a discretas 1700 rpm. É auxiliado pelo câmbio de seis marchas e dupla embreagem, que o deixa sempre alerta. A direção poderia ser mais direta, para seguir a coerência esportiva dos outros sistemas. Mas a fábrica privilegiou o conforto na calibragem desse item.
Para os que querem sombra e água fresca, aliás, o A3 oferece bastante conforto. Seu espaço interno é de sedã médio e a lista de equipamentos é completa. A versão Sportback básica já vem com ar-condicionado dual-zone, piloto automático, GPS, sistema de som, quatro airbags, ESP e faróis bixenônio, entre outros itens de série.
Na pista, o A3 apresentou o mesmo rendimento dos testes anteriores. Ele foi rápido, com o tempo de 6,8 segundos nas provas de aceleração de 0 a 100 km/h. E econômico, com as médias de 9,9 km/l na cidade e 13,8 km/l na estrada.
O Audi apresentou as virtudes que fizeram dele o campeão do comparativo anterior. Mas desta vez ele enfrentou um BMW renovado e cheio de disposição para a briga. Meu primeiro contato com o novo 118i, enviado para a fábrica para este teste, foi em uma sexta-feira à noite, quando fui buscá-lo na garagem da editora. Confesso que, naquela hora, eu só pensava em deixar a avaliação para depois. Foi o 118i que se insinuou e me convidou a interagir. A primeira coisa que me chamou a atenção foi a posição de dirigir, que não é perfeita mas me pareceu muito agradável. O volante fica levemente voltado para o centro do painel, desalinhado em relação aos pedais. Mas não posso dizer que esse senão comprometeu de alguma maneira nosso entrosamento. À primeira vista, aprovei os bancos e o desenho do volante e dos puxadores das portas, verticais e revestidos de alumínio (lembram os da Série 5 da quinta geração, aquela desenhada pelo Chris Bangle). Só não gostei do plástico do painel, que, a despeito de ser macio ao toque, tem aparência de material barato.
Ao deixar o estacionamento do edifício da Editora Abril, enquanto descia as sucessivas rampas, vi que o 118i tem qualidades tão boas quanto as do A3, no que diz respeito à rigidez da carroceria e à firmeza da suspensão. Mas notei que ele é um carro com mais pegada, sensação que atribuí à direção mais direta e esportiva. Já na rua, nos primeiros quilômetros, descobri que o 118i tem um sistema de gerenciamento eletrônico que permite a seleção de diferentes mapas de trabalho do motor, do câmbio, da direção e da suspensão. O Driving Experience pode ser ajustado nas opções Comfort, Sport e Eco Pro. O primeiro é o modo padrão de funcionamento, em que se privilegia o conforto. O segundo adapta o carro para um modo de condução esportivo. Ele altera a curva de resposta do pedal do acelerador, o regime das trocas de marcha, a assistência da direção e o controle eletrônico dos amortecedores. O terceiro visa à economia. Nesse caso, o acelerador passa a responder de forma mais moderada, as marchas são trocadas em regimes mais baixos e no painel surgem informações, como o consumo instantâneo, que orientam o motorista a dirigir com maior eficiência. Para ajudar no resultado, o 118i conta ainda com o sistema Start-Stop, que desliga o motor nas paradas dos semáforos ou no trânsito pesado, voltando a ligar assim que o motorista alivia o pedal de freio.
Apesar do pouco deslocamento, o motor do 1.6 é bem esperto, com 170 cv de potência a 4 800 rpm e 25,5 mkgf de torque a 1 500 rpm. Sua potência específica é de 106,4 cv/l, enquanto o do A3 gera 100,8 cv/l. Outro item de superioridade técnica é o câmbio automático sequencial de oito marchas, que permite explorar a força do motor em qualquer regime. A demonstração disso foi vista na pista, onde o Série 1 andou colado no Sportback, conseguindo ser mais econômico. No modo Sport, o 118i fez de 0 a 100 km/h em 7,1 segundos. E, no Eco Pro, ficou com as médias de 10,7 km/l na cida- de e 15,4 km/l na estrada.
Desta vez, o cinturão fica com o BMW. Mas o consumidor não perde por esperar: o novoA3, apresentado no Salão de Genebra em março deste ano, chega ao Brasil no início do ano que vem.
VEREDICTO
O A3 tem um conjunto mecânico soberbo e é bem equipado. Mas o projeto mais moderno do 118i, a começar do motor, seguindo para o câmbio e terminando em recursos como o sistema Start-Stop e os freios regenerativos, faz a diferença e dá um banho de eficiência. A favor da esportividade, ele tem ainda a tração traseira.