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Flashback - A Primeira Geração Do BMW M Coupe

MensagemEnviado: 02 Jan 2013, 11:24
por Rodrigo C.
http://www.jalopnik.com.br/flashback-pr ... w-m-coupe/
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A primeira geração do BMW M Coupe é crua, agressiva como um animal selvagem, um carro louco pelo qual é impossível não se apaixonar. É uma máquina devotada unicamente à arte de ser maluco. Vamos ver suas credenciais.
O M Coupe poderia muito bem ser o carro oficial do Jalopnik. Antes de explicarmos os porquês, deixe-me contar uma pequena história. Como a maioria dos entusiastas nerds, li sobre o M Coupe muito antes de ver um. É claro que eu sabia tudo sobre ele. A melhor dirigibilidade de um BMW, aceleração de Ferrari, os absurdos pneus traseiros têm a aderência de uma lagartixa na parede, ronca como uma montanha-russa a jato etc. Eu sabia do aumento da rigidez em relação ao roadster, que espremeram o seis-em-linha da M3 E46 sob aquele focinho enorme e que Adolf Prommesberger, chefe da divisão M, declarou que o M Coupe era o carro que ele mais vezes levou para casa depois do trabalho.
Mas você sabe como são as coisas. A cada seis meses as revistas viram baba-ovos do esportivo alemão do momento. Por enquanto é o R8. Chegando o verão, será o novo M3. Cara, eu me sinto culpado por não dar uma ou duas lambidas no RS4. Mas na primeira vez que vi o M Coupe, rapaz… fiquei estático. Da mesma forma que o estilo do 911 é bem resolvido e a Ferrari é sexy, desde o Shelby Cobra não aparecia um carro tão musculoso e esportivo quanto o M Coupe.

Veja só, ao contrário da maioria dos carros – especialmente aqueles alemães – o M Coupe não é fruto dos marketeiros. Não. O M Coupe é o mais puro trabalho de engenheiros, que construiram o carro em segredo e de alguma forma convenceram o chefe a vender o negócio. Não me entenda mal. Os carros alemães são os mais refinados. Mas aquela palhaçada que acontece em cada uma das companhias alemãs, fazendo um carro combinar com outro é um truque velho e chato. O Série 3 provocou a criação do Classe C, que por sua vez causou a criação do A4. O Série 5, o Classe E e o A6. O Série 7, o Classe S e o A8. O X5, o ML e o Q7. Isso só seria algo fantástico se o país todo sofre de Transtorno Obssessivo Compulsivo. O Mercedes CLS foi uma oportuna ruptura dessa regra rígida, mas quase que imediatamente, BMW e Audi foram copiar a Mercedes.
Só que o M Coupe original, um cupê americano, com cara de shooting brake e quase 100 cv por litro, é um carro único. Engenheiros que realmente amam dirigir de verdade criaram esse carro para detonar na pista e botar os cachorros para correr. É isso. O resultado ficou tão além dos padrões que nenhum concorrente apareceu para incomodar, sem fazer nenhum concorrente. O M Coupe foi livre para viver sua curta vida sem ser copiado pela concorrência nem precisar atender a expectativa dos consumidores.
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É indiscutível que a melhor parte da história do M Coupe é que ele não deveria ter sido lançado. Um grupo de cinco engenheiros da BMW, liderados por Burkhard Göschel, andou no primeiro Z3 e decidiu dar uma força. Eles estavam insatisfeitos com o fundo do carro e com o modo que o teto conversível prejudicou os braços da suspensão traseira, deixando o carro meio bobo e impreciso. Nos meses seguintes os cinco heróis fizeram uma plástica no pequeno teto conversível e saíram com o Z3 Coupe. Esses caras não só gastaram seu tempo livre para fazer um carro estranho. Eles estavam pensando em fazer a melhor máquina de dirigir, imaginando que poderiam convencer a BMW a construir o M Coupe se ele fosse mais barato e menor. É por isso que, enquanto os roadsters Z3 têm quadril estreito e os roadsters M têm quadril largo, o M Coupe parece estar “grávido”. Essa nova carroceria fez os Coupes 2,7 vezes mais rígidos que os roadsters. Na época tornaram-se os BMW mais rígidos já feitos. O Z3 Coupe, ao contrário de alguns Z3 1.9, nunca foram vendidos com menos de 6 cilindros. E felizmente, para nosso deleite, eles conseguiram colocar o seis-em-linha de 3.2 litros da BMW Motorsport nesse carro.
Agora vem o papo técnico. Tragicamente a BMW decidiu fazer os primeiros M Coupes (1998 a 2000) diferentes de acordo com o mercado. O que significa que os carros que vieram para o lado oeste do Atlântico têm motor diferente. Os modelos norte-americanos receberam o S52 do M3 E36, que desenvolvia 242 cv e levava o M Coupe à velocidade máxima limitada de 220 km/h. Enquanto isso os europeus tinham o estúpido Euro E36 – conhecido como S50 B32 – que tinha 325 cv e velocidade máxima limitada de 250 km/h. Os motores eram bem parecidos (bloco de ferro com cabeçote de aluminio) mas haviam algumas diferenças. O motor europeu tinha compressão mais alta, borboletas individuais do acelerador e duplo comando variável de válvulas para a admissão e escape.

Então, em setembro de 2001, tudo mudou para melhor quando o familiar S54 B32 da M3 E46 foi adotado pelos M Coupes (e roadsters) em qualquer país. O modelo europeu viu sua potência subir para 330 cv, enquanto o modelo americano veio com 320 cv. Uma palavra sobre essa discrepância. Inicialmente a BMW disse que a potência reduzida (em relação ao M3 de 337 cv) foi resultado de coletores de admissão e escapamento diferentes. Mentirosos! A verdade é que bronzinas de má qualidade estavam estourando nos motores da M3 em níveis alarmantes. Você não pode esquecer nunca que, embora os caras por trás do M Coupe sejam engenheiros dos mais respeitados do ramo, são aqueles caras do marketing que escrevem os releases. De qualquer modo, a faixa de corte do S54 foi sutilmente reduzida dos infernais 8000 giros para menos demoníacos 7600 rpm. E muitos caras re-chipavam seus carros. A diferença dos modelos europeus e americanos era menor do que parecia. Na verdade, as restrições quanto à emissões engasgaram um pouco mais os motores, mas lembre se que 315 hp SAE Net são 320 cv. O que são cinco cv quando se está entre amigos? E tem mais: o Porsche 996 só desenvolvia 303 cv em 2001, então 320 cv em um carro mais leve eram suficientes.
Naturalmente o desempenho do M Coupe é insano. Zero a 100 em 4,3 segundos, isso é 0,3 segundos mais rápido que um Cobra 427. O quarto de milha se vai em menos de 13 segundos, quase o mesmo que o 427 Cobra. Embora a velocidade máxima seja supostamente limitada, muitos dizem que chegar a 270 km/h não é difícil. E com as ilimitadas M3 chegando aos 290 km/h, imaginamos que o M Coupe, que é muito mais leve, poderia chegar nessa velocidade sem problemas. Embora sua suspensão mais antiquada deva começar a vibrar nesse ritmo. E mais importante, a terceira marcha é boa para velocidades de três dígitos. A dirigibilidade é um outro mundo, se compararmos com a maioria dos carros, apesar dos pneus gigantes e entreeixos longo favoreçam aquaplanagens. Não recomendam que seja pilotado na chuva. Na verdade muitos proprietários removem os limpadores, já que não precisam deles.
Para nós, o M Coupe . O estilo é uma releitura alemã do E-Type cupê em que todo o sex-appeal foi removido, deixando o M Coupe ainda fálico e perverso. A intenção por trás do carro é puramente Carroll Shelby – “Ei caras, vamos colocar um motor enorme em um carrinho e detonar Ferraris”. E o resultado é um TVR que aprendeu a fazer acabamento. O M Coupe pode não quebrar as suas juntas com um aperto de mão, mas ele ainda quebra umas garrafas na cabeça de tempos em tempos. Estilo britânico, zeitgeist americano e precisão germânica juntam-se por um breve momento e a BMW nem se importa em colocar à venda o pobre bicho. De 1998 a 2002 a BMW só se incomodou em fazer 6.318 M Coupes.
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É verdade, a BMW substituiu esse carro pelo novo M Coupe, um Z4 não conversível. Mas algo essencial foi perdido, o novo carro é muito estéril, muito planejado e não é louco suficiente. Assim como o 959 ou um Jensen Interceptor FF, o M Coupe é um raro resultado para o que acontece quando engenheiros tomam conta do hospício. Melhor que seus irmãos e mais raro, também, o M Coupe é, sem sombra de dúvida, mais M que os outros M. Acreditamos de verdade que a ovelha mais negra da fazenda BWM merece um espaço em nossa garagem dos sonhos Que tal?